Reunidas nesta quinta-feira (21) na sede da CUT, em São Paulo, as lideranças das seis centrais sindicais decidiram realizar uma Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat) no dia 1º de junho, coroando o processo de integração e luta do movimento sindical brasileiro com a elaboração de uma agenda positiva a ser apresentada à candidatura das forças democráticas e populares. A Conferência será realizada em São Paulo e pretende reunir dezenas de milhares de dirigentes e militantes sindicais.
De acordo com o presidente da CUT, Artur Henrique, que coordenou a reunião, “a Conclat será o momento de apontarmos coletivamente um conjunto de diretrizes, com a visão da classe trabalhadora, que as centrais vão debater em todos os Estados”. Uma vez aprovada, explicou, “será um instrumento de mobilização e ação sindical que contribuirá no processo eleitoral, demarcando campo com a direita”. “As centrais são autônomas e independentes, mas têm lado: o dos trabalhadores, da defesa de um projeto de desenvolvimento para o país com valorização do trabalho e distribuição de renda. A direita nunca abriu espaços para os trabalhadores incidirem, pelo contrário, sabemos o que representa: privatização, desmonte do Estado, arrocho salarial, precarização e desemprego”, sublinhou.
O líder cutista destacou que em ano eleitoral cresce a responsabilidade das lideranças para somar experiência e consciência e potencializar o protagonismo do sindicalismo brasileiro, ampliando a pressão sobre o Congresso Nacional, o empresariado e governos, pela aprovação de projetos que contemplem avanços sociais, como o da redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário. “Nossa orientação para as categorias que estão em campanha salarial, como os metalúrgicos, químicos e comerciários, é que joguem peso nas mobilizações e nas greves, tendo em vista que todos os setores estão falando em crescimento econômico em 2010. Este é um fator positivo e um momento excelente para avançar na redução da jornada”, declarou.
Artur também recordou que a pauta da Marcha da Classe Trabalhadora de 2009 é mais do que atual, particularmente a defesa das Convenções 151 e 158 da OIT, que tratam respectivamente do direito à negociação coletiva no serviço público e do fim da demissão imotivada. Além disso, acrescentou, “temos a questão da mudança dos Índices de Propriedade da Terra, a PEC do Trabalho Escravo, a aceleração da Reforma Agrária, o Pré-Sal e o nosso projeto unificado de combate à terceirização que precariza”.
“Temos uma gama de reivindicações que devem também ser consolidadas enquanto plataforma eleitoral, que será apresentada como programa de governo na Conclat”, destacou Expedito Solaney, secretário de Políticas Sociais da CUT.
Para o secretário geral da CUT, Quintino Severo, a Conclat ganhará peso na medida em que democratizará o debate no conjunto dos estados, colhendo contribuições que expressem as aspirações da classe trabalhadora de aprofundar o processo de desenvolvimento, independente e soberano, em curso.
CONGRESSO NACIONAL
Os dirigentes da CUT, Força Sindical, CGTB, CTB, NCST e UGT estarão presentes em vigília no dia 2 de fevereiro, quando da reabertura do Congresso Nacional, para garantir que a proposta de redução da jornada para 40 horas ganhe prioridade nos trabalhos. Segundo o Dieese, acompanhada do aumento do valor das horas extras, a medida pode gerar mais de 2,2 milhões de novos empregos.
O presidente da Força Sindical e deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) disse que a ação coordenada das centrais, da mesma forma que a já realizada nas Marchas a Brasília, é o caminho correto, pois, ao mesmo tempo que dá maior consistência à reivindicação junto à sociedade, mina as resistências dos setores mais retrógrados do parlamento, pois demonstra um respaldo inconteste da classe à iniciativa.
O secretário geral da Força, João Carlos Gonçalves (Juruna) ressaltou também a luta pela regulamentação da Convenção 158 da OIT como chave para garantir a qualidade do emprego e evitar prejuízos para os salários e as condições de trabalho com a alta rotatividade: “houve um crescimento do emprego para 16 milhões, mas o desemprego de 15 milhões, precisamos barrar as demissões imotivadas”.
O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, avalia que a somatória de iniciativas unitárias, como as que serão desenvolvidas em 2 de fevereiro, 8 de março e 1º de Maio, apontam para uma grande Conclat, “onde vamos dizer qual a candidatura que tem condições de implantar este projeto de nação focado na valorização do trabalho e na distribuição de renda”.
De acordo com o secretário geral da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Carlos Alberto Pereira, “o 1º de junho será histórico, com o conjunto das centrais aprofundando a sua unidade nos Estados. Ao elevarmos o protagonismo e a unidade das centrais, vamos ampliar as vitórias da classe trabalhadora, que apontam para o fortalecimento do nosso mercado interno, para a defesa do pré-sal e o fim dos leilões do petróleo, com maiores investimentos na industrialização do país”.
O secretário geral da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Francisco Canindé Pegado, frisou que a Conclat dará maior visibilidade a reivindicações comuns que têm sido invisibilizadas pelos grandes meios de comunicação.
Luís Antonio Feltino, da Executiva da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), citou as infelizes e preconceituosas declarações de Boris Casoy e os ataques ao MST como exemplos dos gargalos a serem superados na comunicação, reforçando a necessidade da luta pela democratização dos meios.
No final da reunião, as centrais reafirmaram a solidariedade ao povo do Haiti, destacando uma série de ações para a coleta de recursos para a reconstrução do país. A CUT já se definiu pela solidariedade direta com as entidades sindicais do país.
Fonte: Agência CUT